ADALGISA DE SOUZA ROSADO
Faleceu na madrugada de
sábado, 2 de fevereiro de 2013, Adalgisa de Souza Rosado, aos 94 anos de idade,
no Hospital Wilson Rosado, em Mossoró.
Adalgisa de Sousa Rosado nasceu em 7 de julho de
1919, na mesma casa em que viveu, na Rua Mário Negócio, com exceção de quando
morou no Sítio Cantópolis, período em que foi casada com o governador Dix-sept
Rosado Maia, vítima de uma tragédia que abalou o Rio Grande do Norte no
dia 12 de junho de 1951. Naquela manhã, em acidente aéreo, Dix-sept Rosado
morre aos 40 anos de idade, num avião de carreira, das Linhas Aéreas Paulista -
LAP - juntamente com toda tripulação e passageiros, incluindo dois auxiliares
do primeiro escalão e o diretor da imprensa oficial do estado. O avião
sobrevoava o rio do Sal, em Sergipe, a caminho da capital federal, o Rio de
Janeiro. Dix-sept faleceu com apenas seis meses de gestão, deixando Adalgisa
viúva com 32 anos de idade e quatro filhos, o maior com apenas sete anos, hoje
chefe de gabinete e marido da atual governadora do estado, Rosalba Ciarlini
Rosado.
Além de Carlos Augusto, o jovem governador deixou órfão
também, Isaura Amélia, Carlos Alberto - o Betinho - e Dix-sept Filho, com
apenas dois meses. “Quando Dix-sept morreu, não fomos naquela viagem,
porque eu estava amamentando Dix-sept Filho, que era novinho, então ele [Dix-sept]
foi sozinho. Foi a primeira vez que não viajamos juntos. A gente tinha quatro
[filhos], sempre levávamos um, geralmente o mais velho. Dix-sept sempre viajava
em outra companhia aérea e quando foi marcada aquela viagem, foi bem comentada.
As pessoas diziam que ele não deveria ir naquele avião, mas havia uma
necessidade, uma urgência em resolver o problema de água de Mossoró e ele
achava que tinha que ir. Naquela época, eram poucos os aviões, sei que ele
viajou cedinho. Era uma quinta-feira e eu estava na LBA - Legião Brasileira de
Assistência - trabalhando. Eram oito horas, oito e tanto [quando soube]. Foi
muito difícil. Foi uma coisa muito, muito dolorida. E começou aquele negócio:
“Fica, vai ficar em Natal. Fica, não fica”. Eu disse: “Não, eu vou embora para
Mossoró, por cima de pau e pedra”. Uma pessoa que me ajudou bastante foi a
esposa de doutor Mário Silva, irmão de Ildérica [Cantídio]. Ajudou muito, ficou
presente. Ele era o presidente do nosso partido, foi muito presente, ele e
Dolores, isso me ajudou muito. O vice era Silvio Pedrosa, o povo ficou
satisfeito porque gostava bastante dele”, assim desabafou Adalgisa, em dezembro
de 2003, aos 84 anos, na única entrevista que deu, mais de 50 anos depois
da tragédia, no programa Mossoró de Todos os Tempos, exibido pela TCM - TV Cabo
Mossoró. Na mesma entrevista, ela traçou o perfil do marido, um pai presente e
carinhoso com os filhos: “Muuuito, muito carinhoso com as crianças, quando dava
cinco horas da tarde, ele chegava em casa, deitava-se com as crianças numa rede
no alpendre. Era uma pessoa alegre, de casa, de andar com a mãe. Dix-sept
gostava muito de criança e era bastante animado com os filhos, ele queria
filhos. Queria muitos. Durante nosso casamento, eu tendo todo cuidado para não
encher a casa de menino, porque dá trabalho. Era muito menino, de todos os
tamanhos, dá muito trabalho. Naquele tempo, eu já dirigia, mas não sentia
vontade de sair de casa”. Fiel a memória do marido, criou os filhos com a ajuda
da mãe, Amélia,também viúva jovem, fazendo o papel de pai e mãe e se superou
fazendo questão que os filhos estudassem nos melhores colégios da cidade,
acompanhando a evolução deles no comportamento e socialmente, conforme o filho
Betinho Rosado contou na mesma entrevista. “Com o pai teria sido melhor, mais
fácil, teríamos conseguido mais estudos”, disse ela. “Criei mais um, Frank
[Dantas], filho de uma pessoa que eu trouxe para trabalhar comigo. Ela adoeceu
e, antes de falecer, entregou-me e até hoje ainda cuido dele, que me deu quatro
netos", desabafou. Nos anos 1990, Adalgisa perdeu o primeiro neto em
acidente de carro, aos 23 anos de idade, Dix-sept Neto. Depois da morte do
marido, só andou de avião duas vezes. Ficou com medo, por isso evitava. Já
adulto, o primogênito, Carlos Augusto participou da gestão do tio Dix-huit
Rosado na Prefeitura de Mossoró, depois foi eleito deputado estadual e presidiu
a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte. Sua esposa, pediatra Rosalba
Ciarlini foi eleita três vezes prefeita de Mossoró, senadora e em 2010, eleita governadora
do estado, pelo DEM. O outro filho, Betinho Rosado, está no terceiro mandato de
deputado federal.
Primeira-dama de Mossoró aos 28 anos e
primeira-dama do estado, aos 30, na campanha para governo do estado, em 1950,
estava grávida de Dix-sept Filho. Viúva, passou a trabalhar na Mossoró
Comercial, empresa criada pelo marido, ela que nunca trabalhara antes, achava
aquilo um passeio, pois a distraia. A empresa comercializava e transportava
gesso para o porto de Areia Branca, de onde seguia para a região Sudeste. “Ele
era um bom partido, era interessante, bonito, simpático, educado, uma pessoa de
resolver tudo, nada era difícil para ele. Insistiram para ele entrar para a
política, inclusive Georgino Avelino, adversário político da família. Ele dizia
que não queria se meter em política. Foi eleito prefeito na condição que não
podia, as pessoas o fizeram prefeito, pois achavam ele simpático", disse
Adalgisa. Ela não incentivou, mas ajudou, acompanhava a agenda do marido,
recebia correligionários e eleitores em casa. Adalgisa tomava conhecimento de
tudo, pois ele era bastante caseiro. "Dix-sept era um homem da família,
dos filhos e dos amigos. Ele nem queria ser líder político, mas o povo o fez”,
resumiu.
Eleito prefeito de Mossoró em 1947, aos 36 anos de idade e,
com uma gestão considerada excelente, era um político popular e seu nome foi
logo cogitado dois anos depois para concorrer ao governo do estado, em 1950. A
campanha teve elementos inovadores pioneiramente com o uso do marketing pela primeira
vez no estado, que contribuíram para o seu sucesso nas urnas. Muitas peças da
divulgação foram elaboradas e produzidas no Rio de Janeiro, como jingles e
fotos para folhetos, certamente providenciadas pelo seu irmão Duodécimo Rosado,
que lá residia. Durante a campanha para o governo do estado, seus amigos
fizeram distribuição de folhetos através de panfletagens sobre Mossoró e outras
cidades e zona rural de todo o estado utilizando aviões do Aero Clube de
Mossoró, fundado e presidido por Dix-sept, promoviam pioneiramente também,
passeatas sob a audição do serviço de alto-falante na região central de
Mossoró. Apaixonado pela aviação, Dix-sept, que não chegou a fazer o segundo
grau, aos 19 anos morava e trabalhava na então Vila de São Sebastião, tomando conta
da produção da empresa de gesso do pai, farmacêutico Jerônimo Rosado, enquanto
os irmãos cuidavam da parte administrativa, em Mossoró. Quando o pai faleceu em
1933, ele tinha 22 anos de idade e assumiu mais responsabilidades na gestão da
empresa.
Adalgisa era
envolvida com os movimentos religiosos da cidade e na política sempre atuou nos
bastidores, de forma bastante discreta. Simples, não tinha vida social e,
costumeiramente, andava a pé. “Dix-sept era uma pessoa alegre, animada, não
frequentava festas, gostava de ter os filhos sempre por perto”, disse
FONTE – BLOG DE LÚCIA ROCHA